Do Egito ao Sinai pelo deserto, lugar de dependência e conquista | Ensinando de Sião

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Do Egito ao Sinai pelo deserto, lugar de dependência e conquista

Passamos pela festa de Pessach (páscoa) que nos chamou atenção, simbolicamente, da nossa saída do ‘egito’ (que representa o sistema do mundo que jaz em trevas, afastado de D´us) para o deserto da liberdade. A celebração da páscoa reforçou nossa lembrança que não somos mais escravos do pecado. Agora somos livres em Yeshua, mas não podemos nos esquecer que estamos ainda num processo de libertação, renovando nossos conceitos, pensamentos, nos livrando das prisões da mente, da alma. Sempre há ‘prisões’ interiores das quais precisamos ser livres. Sempre há algo ruim ou não perfeito em nós que precisa dar lugar à consolidação do caráter de Yeshua em nós.  Se saímos do ‘egito’, então o ‘egito’ precisa sair de dentro de nós, precisamos ainda de cura e libertação. Na páscoa D´us nos lembra que Ele nos quer totalmente livres, mas isto não significa que viveremos sem regras e limites. A liberdade sem lei leva à libertinagem. Por isso, analogamente, HaShem agora nos leva ao “deserto”, lugar que aprendemos a ser dependentes Dele, lugar de grandes conquistas. Onde há leis, há conquisas. Pois, não há como ser completamente livre da escravidão sem que não haja lei, um sistema de leis. Em outras palavras, podemos dizer que uma verdadeira liberdade nos exige conhecer e respeitar nossos limites, as leis que protegem a liberdade e nos dá autoridade para exercer um dos maiores presentes de D´us, o livre-arbítrio.

Em Yeshua, o Cordeiro Pascoal, resgatamos nossa identidade, pois  não havia identidade num sistema de escravidão, quando cedíamos nossa liberdade ao senhor das trevas e éramos aprisionados nas paixões de nossa carne. Agora, estamos livres e precisamos ser libertos  para consolidar esta nova natureza espiritual, nosso novo nascimento em Yeshua, D´us nos tirou do ‘egito’ para nos transportar até ao Monte Sinai, onde o povo hebreu recebeu no 50º. dia após a saída do Egito, a outorga da Torá (matan hatorá), as instruções de D´us, os limites que protegem e asseguram a verdadeira liberdade e independência do sistema das trevas, embora ainda vivemos no “deserto” a caminho de Canaã celestial.

Permitam valer-me novamente de um gráfico mostrado no ano de 2012 que elucida o momento em que estamos vivendo nessa caminhada do “Egito” ao Sinai.

Este gráfico mostra simbolicamente a caminhada que um salvo em Yeshua percorre, deixando o caminho do mundo, passando a ser livre (pelo novo nascimento) e que agora necessita “subir a Rampa” para alcançar um nível superior de qualificação em Shavuot ( pentecostes), tanto na Revelação da Torá quanto na busca do recebimento dos dons e ministério do Espírito Santo.

D´us pede que o povo hebreu contasse 49 dias e se preparasse nesse tempo para a celebração da festa de Shavuot, o recebimento da santa Instrução. Se na páscoa fomos libertos DE  algo que nos prendia, agora em Shavuot somos libertos PARA servir a D´us. Agora temos a nova natureza, o novo nascimento espiritual. No Sefirat haOmer, na contagem dos molhos, durante 49 dias, consolidamos a nova natureza de D´us em nós que Paulo falou em I Co 6:19, pois o Espírito do Eterno quer habitar dentro de nós. Na contagem desse tempo abrimos o nosso coração para a união da Graça com a Lei, ou seja, a graça não pode existir sem a lei e lei não pode existir sem a graça, pois ambas estão interligadas e se completam.

Fomos salvos pela Graça em Yeshua, mas agora precisamos continuar nossa vida caminhando no “deserto” deste mundo, sendo protegidos, obedecendo os mandamentos, estatutos e ordenanças do Senhor. A Torá estabelece os limites da nossa liberdade e nos mostra a iniqüidade do mundo, nos apontando o pecado. Ela quer nos proteger e nos dar a melhor qualidade de vida.

Este tempo de contagem do Omer nos leva a conquista de um espaço maior. Há 2000 anos quando os apóstolos estavam (segundo relatado em Atos 2) celebrando a festa de Shavuot, temerosos e inseguros de como seria a vida deles após a ressurreição de Yeshua, eles foram batizados pelo Espírito Santo de D´us que desceu sob a forma de línguas de fogo e encheu a todos com a manifestação do poder do Espírito Santo. Foram cheios do Espírito de D´us, receberam unção, sabedoria, intrepidez e coragem para proclamarem as Boas Novas do Reino de Yeshua até que Ele retorne em glória e estabeleça Seu Reino Messiânico nesta terra. Portanto, queremos que todos vocês se encham também Deste Espírito, se preparando para a grande celebração de Shavuot, nossa redenção espiritual, quando somos libertos para servir a D´us já na semelhança de Seu filho Yeshua. Se agora o Espírito Santo habita em nós, então, podemos nos apropriar do caráter Dele, sendo misericordiosos, compassivos, longânimos, benignos, fiéis, perdoares (atributos de D´us cf. Ex34:6), dando ao salvo em Yeshua  o domínio próprio, a paz e a alegria (Gl5:22).Isto é realmente Emanuel, D´us conosco.

Eu comparo a contagem dos 49 dias como uma “subida da rampa” (vide o gráfico acima) que nos levará da páscoa para um nível mais alto, o nível no qual nos preparamos para receber o entendimento da Torá  como aconteceu com os apóstolos, a manifestação do Espírito Santo, nos trazendo dons e ministérios pelos quais serviremos ao Senhor.

Portanto, nesse tempo de preparação para recebermos o tempo da Festa de Shavuot, abramos nossos corações para receber do próprio Ruach HaKodesh uma direção rumo ao SER-LIBERTO PARA Servir ao Eterno, ampliando e testemunhando a Redenção e o Reino de Yeshua que se aproximam. Maran Atá!

No shalom Dele,

Autor:

Rabino messiânico ordenado pelo Netivyah Bible Instruction Ministry – Jerusalem-Israel. Fundador do Ministério Ensinando de Sião e da Congregação Har Tzion em Belo Horizonte.

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