O Terceiro Templo | Ensinando de Sião

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O Terceiro Templo

A questão sobre a construção de um terceiro Templo em Jerusalém está sempre presente em círculos teológicos cristãos e judaicos. Alguns creem que, pelo fato do Novo Testamento afirmar que nossos corpos são “templo do Espírito Santo” (I Co 6:19), não há necessidade de se reconstruir um templo físico em Israel.

Mas, da mesma forma que os seres humanos possuem um corpo, uma alma e um espírito, Deus não só se manifesta no meio espiritual, mas também no físico. O apóstolo Paulo fala a respeito desse mistério: “Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual”. (I Co 15:44)

Durante os quase dois mil anos de exílio judaico, os pais da Igreja histórica e a maioria dos teólogos cristãos nunca creram na reconstrução real de um terceiro Templo. A principal razão dessa crença pode ser explicada pela “teologia da substituição”, uma doutrina falsa e maléfica que afirma que Deus rejeitou o povo judeu por eles terem rejeitado ao Messias, fazendo com que a Igreja Cristã substituísse a Israel nos planos do Criador. Baseados nesse pensamento, muitos líderes cristãos chegaram a ser contra a criação do estado de Israel, em 1948, estando convencidos que o Israel terrestre não poderia mais existir, uma vez que a Igreja agora representa o “Israel espiritual” de Deus. Porém, tal doutrina nunca foi baseada nas Escrituras Sagradas. A Bíblia claramente declara que Israel representa a oliveira na qual os gentios que creram em Yeshua (Jesus) foram enxertados. As raízes da oliveira (Israel) são os Patriarcas da fé judaica. Sem as raízes, os ramos não conseguem sobreviver (ver Romanos Cap. 11). Ainda nas palavras do Apóstolo dos gentios, os que dentre as nações se convertem a Deus através de Seu filho, “… estavam antes sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados (a Israel) pelo sangue de Cristo. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade(…)”, (Ef 2:12-14)

No final do século XIX, enquanto judeus de toda Europa se reuniam sob a liderança de Theodor Herzl para decidirem sobre a criação do Estado de Israel, muitos cristãos entenderam que a criação de um estado judaico seria algo profético e, como parte do povo de Deus, eles deveriam apoiar e lutar junto aos sionistas em prol da fundação do estado moderno de ISRAEL. Por outro lado, grandes foram as manifestações cristãs contra a criação do Estado de Israel. Muitos pastores evangélicos, padres católicos e outros, se aliaram aos árabes nas campanhas anti-Israel, alegando que a criação de um estado judaico pela ONU não poderia ser interpretado como “cumprimento profético”.
Entre 1948 e 1967, muitas denominações cristãs vieram a aceitar a existência política de Israel, sem, no entanto, concordar com o domínio judaico sobre a cidade de Jerusalém. Mas com a tomada de Jerusalém pelos judeus em 1967, o mundo pode testemunhar que as promessas de Deus para com Israel são Eternas, e que Jerusalém sempre foi e sempre será a capital indivisível do povo judeu, conquistada pelo Rei David em 950 a.C.

Mas, e quanto à construção de um Terceiro Templo em Jerusalém? Será que, sendo reconstruído, um sistema sacrificial seria colocado em prática novamente? O profeta Oséias profetizou que os filhos de Israel ficariam sem os sacrifícios no templo por muitos dias (Os 3:4). Desde a destruição de Jerusalém e do segundo Templo no ano 70 d.C, os rabinos substituíram os sacrifícios por orações na parte da manhã, ao meio dia, e ao entardecer (coincidindo com os horários nos quais os sacrifícios eram oferecidos no templo). Mas, o profeta Ezequiel, nos capítulos 40 a 43, descreve sua maravilhosa visão sobre um terceiro Templo em Jerusalém, e menciona, minuciosamente, a construção de um altar onde holocaustos deverão ser oferecidos a Deus. O autor da carta aos Hebreus, no cap. 09, demonstra que os sacrifícios para remissão de pecados não voltarão mais a existir, uma vez que Yeshua serviu como sacrifício ETERNO para remissão dos pecados da humanidade. Mas, e quanto às oferendas (holocaustos) de ações de graça, ofertas pacíficas, entrega de votos e tantas outras que não se relacionam com remissão de pecados (Lv capítulos 1 a 6)? Será que Deus permitiria que estas voltassem a existir em um 3° Templo em Jerusalém? A maioria dos judeus ortodoxos crê que sim. Existe até mesmo em Jerusalém um instituto criado em 1988 que visa arrecadar fundos para a reconstrução dos utensílios no interior do templo, segundo a descrição bíblica.

É importante notar que a presença de um templo em Jerusalém nos dias vindouros não é algo mencionado apenas no Velho Testamento. Apocalipse cap. 11 descreve também um Templo físico, no qual todas as nações também farão uso. Uma vez que João escreveu Apocalipse após a destruição do segundo templo, ele só poderia ter tido a visão de um terceiro ou até mesmo um quarto templo futurístico. Paulo afirma em II Tessalonicenses 2:4 que o anticristo se assentará no Templo de Deus, desejando ser adorado como tal. Como podemos ver, é evidente que um novo Templo será reconstruído em Jerusalém. Porém, deveríamos nos preocupar menos com o “se” e atentar mais para o “como”, uma vez que o monte do templo se encontra atualmente sob domínio muçulmano, e qualquer tentativa dos judeus de tomá-lo novamente, culminará na pior guerra religiosa já vista pela humanidade. Mas de uma coisa podemos estar certos: as promessas de Deus são Eternas e se cumprirão perante os olhos dos homens. Suas promessas são sempre SIM e AMÉM!

Autor:

Matheus Zandona Guimarães é descendente de Judeus com origem na Itália e em Portugal. Graduado em Comunicação Social, estudou teologia com ênfase em Estudos Judaicos nos EUA e Hebraico e Cultura Judaica em Jerusalém - Israel. É o atual presidente do Ministério Ensinando de Sião e rabino da Sinagoga Har Tzion em Belo Horizonte. É diretor internacional do Netivyah Bible Instruction Ministry (ISRAEL) e diretor regional da UMJC (Union of Messianic Jewish Congregations) - EUA. Matheus é casado com Tatiane e tem dois lindos filhos, Daniel e Benjamin. (facebook.com/mzandonna, @matheus.zandonna)

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