Saindo de Pessach (Páscoa) para Shavuot (Pentecostes)
Passamos pela festa de Pessach (páscoa) que nos chamou atenção, simbolicamente, da nossa saída do ‘egito’ (que representa o sistema do mundo que jaz em trevas, afastado de D´us) para a plena liberdade. A celebração da páscoa reforçou nossa lembrança que não somos mais escravos do pecado. Agora somos livres em Yeshua, mas não podemos nos esquecer que estamos ainda num processo de libertação, renovando nossos conceitos, pensamentos, nos livrando das prisões da mente, da alma. Sempre há ‘prisões’ interiores das quais precisamos ser livres. Sempre há algo ruim ou não perfeito em nós que precisa dar lugar à consolidação do caráter de Yeshua em nós. Se saímos do ‘egito’, então o ‘egito’ precisa sair de dentro de nós, precisamos ainda de cura e libertação. Na páscoa D´us nos lembra que Ele nos quer totalmente livres, mas isto não significa que viveremos sem regras e limites. A liberdade sem lei leva à libertinagem. Agora, em Cristo, no Cordeiro Pascoal, resgatamos nossa identidade, pois não havia identidade num sistema de escravidão, quando cedíamos nossa liberdade ao senhor das trevas e éramos aprisionados nas paixões de nossa carne. Agora, estamos livres e precisamos ser libertos para consolidar esta nova natureza espiritual, nosso novo nascimento em Yeshua, D´us nos tirou do ‘egito’ para nos transportar até às instruções do Monte Sinai, onde o povo hebreu recebeu no 50º. dia após a saída do Egito, a outorga da Torá (matan hatorá), as instruções de D´us, os limites que protegem e asseguram a verdadeira liberdade e independência do sistema das trevas, embora ainda vivemos no “deserto” a caminho de Canaã celestial.
Este gráfico mostra simbolicamente a caminhada que um salvo em Yeshua percorre, deixando o caminho do mundo, passando a ser livre (pelo novo nascimento-páscoa) e que agora necessita “subir a Rampa” para alcançar um nível superior de qualificação em Shavuot ( pentecostes), tanto na Revelação da Torá quanto na busca do recebimento dos dons e ministério do Espírito Santo.
D´us pediu que o povo hebreu contasse 49 dias (Contagem dos molhos – Sefirat haOmer-Lv23:15) e se preparasse nesse tempo para a celebração da festa de Shavuot, o recebimento da santa Instrução. Se na páscoa fomos libertos DE algo que nos prendia, agora em Shavuot somos libertos PARA servir a D´us. Agora temos a nova natureza, o novo nascimento espiritual. No Sefirat haOmer, durante 49 dias, consolidamos a nova natureza de D´us em nós que Paulo falou em I Co 6:19, pois o Espírito do Eterno quer habitar dentro de nós. Na contagem desse tempo abrimos o nosso coração para a união da Graça com a Lei, ou seja, a graça não pode existir sem a lei e a lei não pode existir sem a graça, pois ambas estão interligadas e se completam.
Fomos salvos pela Graça em Yeshua, mas agora precisamos continuar nossa vida caminhando no “deserto” deste mundo, mas protegidos, obedecendo aos mandamentos, estatutos e ordenanças do Senhor. A Torá estabelece os limites da nossa liberdade e nos mostra a iniqüidade do mundo, nos apontando o perigo e o dano pecado. Ela quer nos proteger e nos dar a melhor qualidade de vida.
Este tempo de contagem do Omer nos leva a conquista de um espaço maior. Há 2000 anos quando os apóstolos estavam (segundo relatado em Atos 2) celebrando a festa de Shavuot, temerosos e inseguros de como seria a vida deles após a ressurreição de Yeshua, eles foram batizados pelo Espírito Santo de D´us que desceu sob a forma de línguas de fogo e encheu a todos com a manifestação do poder do Espírito Santo. Foram cheios do Espírito de D´us, receberam unção, sabedoria, intrepidez e coragem para proclamarem as Boas Novas do Reino de Yeshua e isto continua conosco até que Ele retorne em glória e estabeleça Seu Reino Messiânico nesta terra. Portanto, queremos que todos vocês se encham também Deste Espírito, se preparando para a grande celebração de Shavuot, nossa redenção espiritual, quando somos libertos para servir a D´us já na semelhança de Seu filho Yeshua. Se agora o Espírito Santo habita em nós (I Co 6:19), então, podemos nos apropriar do caráter Dele, sendo misericordiosos, compassivos, longânimos, benignos, guardadores[1], fiéis, perdoares (atributos de D´us cf. Ex34:6 que são de fato frutos do Espírito, respectivamente, bondade, paz, paciência, benignidade, domínio próprio[2], fidelidade e amor). Mas, nós sabemos que a Festa de Sucot (também conhecida como Festa da Colheita de Frutos) tem uma analogia muito forte com os frutos do Espírito (citado em Gálatas 5:22-23), quando a Igreja já madura refletirá o próprio caráter do seu Noivo, Yeshua, e então, ela adentrará às Bodas de Núpcias com o Cordeiro e Filho de D´us. Notemos que num primeiro momento, tomamos posse em Shavuot dos sete atributos de D´us e numa etapa posterior, no Tempo da Festa de Tabernáculos (continuando o processo de santificação), estaremos aptos a produzir os nove frutos do Espírito em plenitude, quando alcançaremos finalmente a estatura do Varão Perfeito (Ef 4:13). Isto é lindo e real, Emanuel, D´us conosco!
Eu comparo a contagem dos 49 dias como uma “subida da rampa” (vide o gráfico acima) que nos levará da páscoa para um nível mais alto, o nível no qual nos preparamos para receber o entendimento da Torá como aconteceu com os apóstolos, a manifestação do Espírito Santo, nos trazendo dons e ministérios pelos quais serviremos ao Senhor. Depois, numa segunda etapa, teremos uma “segunda rampa”, tempo de preparação representada pelas festas das Trombetas (Rosh Hashaná) e Yom Kipur, para chegarmos ao nosso destino final, a celebração das Bodas do Cordeiro, a Festa de Tabernáculos que dura sete dias. Mas, nesse momento, concentremo-nos no tempo em que estamos, contando nossos dias e conquistas para celebrarmos a Festa de Pentecostes que se aproxima.
Hag Shavuot Sameach! Feliz Festa de Pentecostes!
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[1] A palavra no original citada em Ex34:7 é Notzer, ou seja, Nazareno, aquele que mantém, que guarda e que domina a Sua Palavra. Por isso, interpretei como ter o domínio próprio ou o auto controle, o zelo de todas as coisas, fazendo uma analogia com o fruto do Espírito ‘Dominío Próprio’ citada em Gl 5:23