Sucôt – O Tempo da nossa Alegria | Ensinando de Sião

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Sucôt – O Tempo da nossa Alegria

Por Matheus Zandona

A festa de Sucôt (Tabernáculos ou Tendas) é a maior das festas bíblicas. Ela é a única festa que é chamada de “A Festa” (Lv 23:39) e com certeza é a festa bíblica com maior significado profético. Durante as bênçãos de Sucôt, declaramos: “Zman Simchatenu” – Tempo da nossa alegria! Vejamos o mandamento divino o povo do Eterno:

            “Porém aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido do fruto da terra, celebrareis A FESTA do SENHOR por sete dias; no primeiro dia haverá descanso, e no oitavo dia haverá descanso. E no primeiro dia tomareis para vós ramos de formosas árvores, ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas, e salgueiros de ribeiras; e vos alegrareis perante o SENHOR vosso D’us por sete dias. E celebrareis esta festa ao SENHOR por sete dias cada ano; estatuto perpétuo é pelas vossas gerações; no mês sétimo a celebrareis. Sete dias habitareis em tendas; todos os naturais em Israel habitarão em tendas; para que saibam as vossas gerações que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egito. Eu sou o SENHOR vosso D’us. ” (Lv 23:29:43)

            As pessoas devem entender que os mandamentos do Eterno não são apenas alegorias espirituais que nos ensinam sobre a natureza de D’us. Mais do que isso, são ações literais cujo preparo e cumprimento também nos ensinam maravilhas sobre o amor e a fidelidade de D’us. Assim, conforme o mandamento que é “estatuto perpétuo”, durante os dias de Tabernáculos construímos tendas em nossos jardins e/ou varandas. Essas tendas são decoradas com elementos naturais e frutas, bem como com os nomes de nossos “convidados especiais”, ou como dizemos em aramaico, “Ushpizin” – Abraão, Isaque, Jacó, José, Moisés, Arão e Davi, homens de D’us, dos quais nos lembramos no tempo em que estamos no interior da Sucá (tenda). Tabernáculos é tempo de recebermos convidados e nos alegrarmos na presença de D’us. As quatro espécies de vegetais (arba minim), comumente chamadas de luláv, também são utilizadas até hoje durante os serviços matinais de Tabernáculos e representam um grande paralelo com o povo judeu e até mesmo com a Igreja!

Atualmente não dormimos na Sucá (apesar dos mais novos se aventurarem), mas comemos nossas refeições em seu interior, contemplando os céus e nos lembrando de como somos “temporários” como a Sucá, nossa habitação temporária. Tabernáculos nos lembra que somos totalmente dependentes do Eterno. Não foi à toa que o Eterno escolheu justamente os meses de setembro/outubro para a celebração dessa festa. Esses meses são meses de chuva em Israel e esse aspecto da incerteza se teremos chuva ou não, faz com que nos sintamos ainda mais dependentes Dele.

            A água também é um elemento muito importante durante Sucôt. Até o ano 70 d.C., havia uma cerimônia maravilhosa no último dia da Festa, em que o sumo sacerdote se dirigia até a chamada Fonte de Siloé e de lá recolhia água numa bacia de ouro. Esta cerimônia era chamada de Simchat Beit ha Shoevá e era feita no dia de Hoshanah Raba (a grande salvação). Seguido por uma procissão em júbilo, o sacerdote derramava essa água aos pés do altar no interior do Templo em Jerusalém, simbolizando a oração do povo pelas chuvas. Nesse momento, o sumo sacerdote entoava em alta voz os versos finais do Salmo 118:

Esta é a porta do SENHOR, pela qual os justos entrarão. Louvar-te-ei, pois me escutaste, e te fizeste a minha salvação (Yeshuati). A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a cabeça da esquina. Da parte do SENHOR se fez isto; maravilhoso é aos nossos olhos. Este é o dia que fez o SENHOR; regozijemo-nos, e alegremo-nos nele. Salva-nos (Hoshiana), agora, te pedimos, ó SENHOR; ó SENHOR, te pedimos, prospera-nos. Bendito aquele que vem em nome do SENHOR; nós vos bendizemos desde a casa do SENHOR. D’us é o SENHOR que nos mostrou a luz; atai o sacrifício da festa com cordas, até às pontas do altar. Tu és o meu D’us, e eu te louvarei; tu és o meu D’us, e eu te exaltarei. Louvai ao SENHOR, porque ele é bom; porque a sua benignidade dura para sempre.” (Sl 118:20-29).

Os levitas tocavam o Shofar e o povo segurando folhas de palmeiras e a luláv nas mãos proclamava em alta voz: “Adonai Hoshia!”, “Hoshanah!” – “Senhor salva-nos e nos faça prosperar!”.

Foi exatamente nesse momento que Yeshua, presente no templo e vendo tudo isto, se dirigiu a multidão e declarou em alta voz: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba! Quem crer em mim, como diz as escrituras, rios de água viva correrão do seu interior!” Jo 7:37-38. Emociono-me só de imaginar a cena! Yeshua desafia as multidões e se revela como o Messias de Israel, fazendo uma alusão direta ao texto de Isaías cap. 12 e também ao Salmo 118! Quando ele diz: “…como diz a Escritura…”, ele se referia exatamente ao texto do Salmo 118 que exaltava ao Messias, o Ungido de D’us. Exatamente quando o povo clamava por salvação, Yeshua se revela em autoridade e poder como o Ungido de D’us!

Os sacrifícios que eram oferecidos no templo por outras nações também demonstravam algo único e importante para ensinar a Israel sobre a universalidade de D’us e de Seu Reino. Tanto tempo e atenção são dados a Israel, em particular, que facilmente se esquece da universalidade da Palavra de D’us e da Fé de Israel. Do ponto de vista judaico, existem setenta nações e setenta línguas diferentes em todo mundo. Durante a festa de Sucôt, 70 oferendas especiais eram preparadas no Templo. Uma para cada nação. Isto é um grande aspecto para a celebração de Sucôt por todo o Corpo do Mashiach.

Portanto, Tabernáculos fala do Messias e do futuro próximo, em que as nações subirão a Jerusalém para adorar ao Eterno durante esses dias (Zc 14:16). Durante Tabernáculos também era costume o chefe da nação (Rei, Juiz ou Profeta), ler em público o livro de Deuteronômio (Devarim). Assim, peregrinos de Israel e de todas as nações aprenderiam sobre as proezas do Senhor e sobre a Sua Lei para a cumprir! (Dt 31:10). Para isso as nações subiriam a Jerusalém em Tabernáculos, para adorar e aprender a lei do Senhor.

Celebremos, pois, essa alegre e profética Festa, declarando que no Mashiach Yeshua o Eterno é representado e adorado em nosso meio, habitando em nossos corações! Chag Sukôt Samêach! (Feliz Festa de Sucôt)

Autor:

Matheus Zandona Guimarães é descendente de Judeus com origem na Itália e em Portugal. Graduado em Comunicação Social, estudou teologia com ênfase em Estudos Judaicos nos EUA e Hebraico e Cultura Judaica em Jerusalém - Israel. É o atual presidente do Ministério Ensinando de Sião e rabino da Sinagoga Har Tzion em Belo Horizonte. É diretor internacional do Netivyah Bible Instruction Ministry (ISRAEL) e diretor regional da UMJC (Union of Messianic Jewish Congregations) - EUA. Matheus é casado com Tatiane e tem dois lindos filhos, Daniel e Benjamin. (facebook.com/mzandonna, @matheus.zandonna)

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